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Uma intervenção familiar multicomponente, combinada com redução de sal para crianças com obesidade: um protocolo de estudo fatorial randomizado

Mar 28, 2024Mar 28, 2024

BMC Public Health volume 23, número do artigo: 1453 (2023) Citar este artigo

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Detalhes das métricas

Ensaios clínicos para tratar a obesidade infantil mostram resultados modestos, recuperação de peso e altas taxas de abandono. As crianças com obesidade muitas vezes vivem em famílias com hábitos que contribuem para o ganho de peso prejudicial à saúde. Este estudo irá testar se uma intervenção familiar com uma Dieta Planetária Saudável (PHD) adaptada ao Brasil e porções reduzidas, juntamente com aumento da atividade física e redução do comportamento sedentário, pode reduzir o ganho excessivo de peso. O protocolo promove a ingestão de produtos in natura e água e reduz alimentos ultraprocessados, açúcar e sódio. Incentiva mudanças no estilo de vida familiar e atividades físicas, com alocação aleatória em grupos experimentais e de controle. O familiar responsável será avaliado durante o acompanhamento. O grupo controle receberá um print da diretriz alimentar brasileira.

Um desenho fatorial cruzado também alocará famílias para receber sal com teor reduzido de sódio, ervas antiinflamatórias e sal placebo. Os grupos de controle e intervenção serão atribuídos aleatoriamente à sequência de ambos os sais. A abordagem visa reduzir as expectativas de peso corporal e avaliar o impacto do sal na pressão arterial. Inclui intervenção de 1 mês, washout de 1 mês e intervenção de 1 mês com visitas clínicas mensais e teleatendimento por profissionais de saúde. Os resultados primários serão a variação do Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças. Também serão aferidos o IMC e a variação da pressão arterial da dupla (filho/mãe ou pai), bem como a circunferência da cintura (CC) e a relação cintura-estatura (RCEst).

O projeto testará a eficácia do uso das recomendações do PHD, atividade física e sódio reduzido em sal. Os resultados do presente estudo permitirão o refinamento de intervenções voltadas ao tratamento da obesidade infantil e poderão auxiliar no desenvolvimento de diretrizes para o tratamento da obesidade em crianças brasileiras.

O estudo está registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBR-10 mm62vs). Registrado em 10 de fevereiro de 2023.

Relatórios de revisão por pares

Intervenções para tratar a obesidade com foco principal na mudança de peso mostram resultados modestos [1]. O documento de posicionamento “Diretrizes de Prática Clínica para Avaliação e Tratamento de Crianças e Adolescentes com Obesidade” da Academia Americana de Pediatria, publicado em fevereiro de 2023 [2], reforça o papel de uma abordagem coordenada, centrada na família e na criança para tratar obesidade infantil, com foco na mudança de comportamento no estilo de vida. Uma revisão sistemática descobriu que o envolvimento dos pais através do estabelecimento de metas, aconselhamento, modelagem de papéis e reestruturação do ambiente produziu mudanças no comportamento nutricional e na atividade física em crianças de 7 a 13 anos [3].

Um estudo brasileiro realizado com crianças de 6 a 11 anos constatou que um aumento de 100 g na contribuição de alimentos ultraprocessados ​​na ingestão alimentar diária foi associado a um ganho de 0,14 kg/m2 no índice de massa gorda, mediado pelo seu conteúdo calórico [ 4]. Além disso, um estudo transversal com crianças de oito a 12 anos de escolas públicas no sudeste do Brasil mostrou que a ingestão de alimentos ultraprocessados ​​estava positivamente associada ao sobrepeso/obesidade [5]. Mudanças no consumo de produtos ultraprocessados ​​são uma estratégia promissora para reduzir o ganho excessivo de peso em crianças, mas um maior controle da ingestão de energia aumenta a redução de peso, como mostrado em um ensaio controlado [6]. A redução do tamanho das porções é um caminho para reduzir a ingestão alimentar e energética, e essa estratégia inclui o uso de canecas e xícaras altas e finas e de pequenos volumes, além de pratos, tigelas e utensílios de menor diâmetro, como pratos com argolas que limitam o espaço interno [7].

A dieta também deve promover a sustentabilidade ambiental, além do valor nutricional. A Dieta Planetária Saudável (PHD) consegue isso minimizando os alimentos ultraprocessados, aumentando os alimentos frescos e grãos integrais, limitando os alimentos de origem animal e usando gorduras vegetais produzidas de forma sustentável [8]. Desenvolvido pela Comissão EAT-Lancet, o PHD pode ser adaptado aos padrões de consumo nacionais, como mostram Marchioni et al., que propuseram o Índice Brasileiro de Dieta em Saúde Planetária (PHDI). O PHDI foi associado a maior qualidade da dieta e menores emissões de gases de efeito estufa [9]. Dados transversais do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) mostraram que indivíduos com maior adesão à dieta adaptada ao PHD apresentaram menores índice de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura (CC), tiveram menor probabilidade de apresentar excesso de peso ou obesos, independentemente das características sociodemográficas [10] e apresentavam níveis mais baixos de pressão arterial, colesterol total, LDL-c e não HDL-c [11].